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Review: River Raid (Atari 2600)

Jogo de tiro dos primórdios vira padrão para toda uma geração de gamers e quebra um baita paradigma.

Ficha Técnica
Plataforma: Atari
Desenvolvedora: Activision
Ano: 1982
Gênero: Shooter
Temática: Ataque aéreo num… cânion?
Jogadores: 2 (alternados)

Estamos em 1982, uma época onde videogames eram uma tremenda novidade e o líder de vendas, o Atari 2600, tinha quase 4 anos de lançamento. Mesmo assim, como acontece em qualquer geração de VGs, chega um momento onde os jogos parecem não trazer nada de novo, de criativo ou inovador, dando aquela impressão de “chegou no limite”. Inclusive para os jogos de tiro. Qualquer shooter se passava numa única tela, com apenas inimigos mudando, mas sempre estática. A mudança veio com River Raid, jogo da Activision que influenciaria o gênero shooter por décadas.

No jogo, você controla um avião caça seguindo verticalmente o curso de um rio cheio de esquadras inimigas, com navios, helicópteros e outros aviões. Ao contrário dos jogos de tiro até então, onde todo o jogo se passava em uma tela fixa, River Raid trazia a novidade do scroll vertical, onde o desafio mudava constantemente sem “parada para cortes”, com locais de combate cada vez mais estreitos, exigindo um controle bastante preciso do jogador.

Também era possível controlar a velocidade da sua aeronave, o que era essencial em manobras evasivas, pois sair do curso do rio implicava em morte certa! Outra inovação foi a introdução de um tanque de combustível limitado, que obriga o jogador a reabastecer o avião nos postos espalhados pelo rio.

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Ainda sem fim, mas com fases!

Além dos inimigos, “relevo” do rio exigia manobras

Algo muito comum em jogos do Atari 2600 é que a maioria esmagadora dos jogos é um looping sem fim, ou seja, você vai jogando, jogando, e tudo que muda é a quantidade de inimigos/adversários e a velocidade do jogo, até você ser derrotado pelo nível de impossibilidade da coisa. River Raid também foi inovador neste quesito, porque, embora ainda fosse um jogo sem fim, criou um novo tipo de desafio para este gênero.

Após algum tempo de vôo, surgem pontes no meio do trajeto que precisam ser destruídas para sua nave prosseguir. Essas pontes funcionam como um checkpoint, de forma que, ao morrer, não se volta à estaca zero do jogo, mas para o local da última ponte destruída. Numa ótica atual, parece óbvio que um jogo tenha esse recurso, mas nos primórdios não existiam passwords, saves ou qualquer outro recurso para recuperar horas de jogo. De forma que, se seus jogos hoje tem checkpoints, saves e outros recursos de recuperação, lembrem-se que tudo começou bem aqui, com o “jogo do aviãozinho”.

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Paradigmas ao chão

Ainda que o movimento do avião seja como se ele “deslizasse” tela acima, é fácil sentir uma “sensação de

A ponte indicava “mudança de fase” e servia como checkpoint

vôo”. E o jogo realiza uma façanha representativa do poder de criação em 8 Kb de memória. Você não leu errado! Enquanto qualquer jogo da atual geração de videogames ocupa facilmente um DVD, o que equivale a cerca de 4.500.000.000.000 bytes, River Raid mostrou que era possível criar um jogo novo, divertido e inovador com menos de 1/500000 de um jogo atual, provando que, para ser um sucesso de vendas, virar um ícone de uma geração e ser um excelente jogo, é preciso muito mais do que gráficos “mothafucker” e pose de bandido!

Mas esse não é o único paradigma que River Raid quebra. O nome do criador do jogo é Carol Shaw. Ou seja, criadora! Uma garota é a criadora de um dos jogos-marco da história dos videogames. Se depois dessa alguém acha que videogame e mulher não tem nada a ver, é um bom momento pra começar a rever seus conceitos!

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Montagem de um fã de Atari e Master System: River Raid nos 8 bits?

O bom

 

  • Diversão de primeira!
  • A inovação do scroll de tela
  • Mudança de fases e cenários (considere que era algo incomum na época)
  • Um dos primeiros (se não “o” primeiro) jogo a ter checkpoints
  • Desafio crescente, com a evolução do jogo

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O Ruim

  • O jogo não ter fim, o que dá aquela impressão de “jogatina fútil”. Mas sendo um game das origens do videogame, dá pra dar um desconto.

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Algumas curiosidades sobre River Raid:

# Posteriormente o jogo foi lançado também para as plataformas Atari 5200, Commodore 64, MSX e ZX Spectrum.

# River Raid II, também da Activision, foi programado por David Lubar em 1988. O gameplay era praticamente idêntico ao primeiro jogo, mas com paisagens diferentes e elementos que aumentaram a dificuldade. Era tão “cópia” que nem fez grande alarde entre os gamers da época, nem chegou aos pés do seu antecessor.

# Afinal, se para qualquer lado que se mova você explode e se uma ponte é um obstáculo, você está pilotando um caça que está voando rente ao rio que passa por um cânion? Não existe lugar e situação mais improváveis para se voar com um caça! Alguns furos de leis da física passaram a ser indesculpáveis com o tempo, embora algum exagero seja admitido até hoje, mas até isso demonstra o caráter icônico de River Raid.

# A evolução do jogo era tão interessante que, com o advento da internet e os emuladores, gamers do mundo

O verdadeiro final. Pois é, mas esperavam o quê?

inteiro queriam provar que River Raid tinha um final! Pessoas criavam montagens em imagem e vídeos, mas todos não passavam de fakes.  Contudo, em maio desse ano, vi um vídeo que realmente era o final de River Raid: assim como a maioria dos jogos de Atari, o que acontece é que o avião explode, o jogo simplesmente “trava” e o marcador era zerado, com exclamações aparecendo no lugar da pontuação. Em outras palavras, estourar o marcador de River Raid simplesmente faz o jogo dar “Tilt”.

# De 1984 até 2002, River Raid era vetado na Alemanha, classificado pelo órgão federal de censura do país como um jogo que “conduz [as crianças] à raiva, a agressividade e ao pensamento errático”. Com tantos jogos muito piores liberados por lá, vai entender o que alguém viu de tão pernicioso em River Raid…

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Avaliação Final

Gráficos: 8/10
Som: 5/10
Músicas: N/A
Jogabilidade: 8/10
Desafio: 10/10
Geral: 8,5/10

Flavio Master

Retrogamer assumido, técnico em eletrônica, leitor de livros e quadrinhos, empreendedor individual, eventual colecionador de videogames e amante da cultura gamer em geral. Mas apanho um monte pra usar um tablet…

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Categories: reviews
  1. 15, agosto, 2010 em 21:24 | #1

    Carol Shaw foi a primeira mulher a produzir um jogo vendável no mundo. Depois dela, só a Dona Bailey (que produziu o arcade Centipede).

    Essa montagem foi produzida por um fã australiano da Tec Toy (pois é, existe um!) e que tinha um site de Master System, mas que saiu fora do ar.

    A Alemanha proíbe toda e qualquer manifestação de violência e apologia ao nazismo como por exemplo todos os filmes da Lia Rosenthal.

  2. 00Agent
    16, agosto, 2010 em 05:54 | #2

    Belo review! Não sabia que foi ele que inaugurou essa premissa de tela com scroll vertical. E ainda produzido por uma mulher, quem diria!

  3. 16, agosto, 2010 em 06:04 | #3

    Ótimo review e tenho o prazer de dizer que jogo River Raid, "de dois", até hoje, no Atari real com meu irmão. Isso que chamo de diversão casual de qualidade! 🙂

    Somente uma pequena correção: River Raid era um jogo "série prata" no Brasil – pois era de 4 KB, não de 8 KB – o que reforça ainda mais o seu comentário 🙂

    Acho que River Raid 2 não fez sucesso pois abandonou a idéia do trajeto no rio, que criava estratégia além de… seu avião explodir ao colidir com nuvens, rs

    Ah, nunca é demais, parabéns ao Passagem Secreta pelos ótimos 100 posts. Em minhas férias, farei a leitura remissiva de todos eles que ainda não li 😀

  4. 16, agosto, 2010 em 07:39 | #4

    "Jogo de tiro dos primórdios vira padrão para toda uma geração de gamers e quebra um baita paradigma."

    Essa descrição me pareceu uma charada. XD

    • 16, agosto, 2010 em 07:47 | #5

      “conduz [as crianças] à raiva, a agressividade e ao pensamento errático.”

      Battletoads e Ghouls'n Ghosts também foram banidos por lá? XD

  5. 17, agosto, 2010 em 21:56 | #6

    Ótimo review! É um dos melhores que já li sobre River Raid, senão o melhor. Gosto muito da estrutura que o Flavio usa para os seus reviews.

    Não sabia que o jogo praticamente inaugurou o sistema de checkpoint e de scroll vertical de tela. E se formos pensar bem , na época pipocavam jogos de naves espaciais, e River Raid veio com uma premissa bem diferente .

    Só quem teve um Atari 2600 naquela época (como eu) sabe como o videogame foi para a família brasileira quase o mesmo que uma novela das 8 (bleargh!) é hoje. Passava-se a noite toda jogando Atari, anotando-se os recordes para ver quem era o melhor em cada jogo e, é claro, superar os "adversários".

    Sobre mulheres que desenvolvem games, também há a Rieko Kodama da série Phantasy Star.

  6. 20, agosto, 2010 em 23:14 | #7

    Joguei demais esse treco de navinha.
    A Mapôa Arrasa!

  7. massoterapiabelohorizonte
    5, julho, 2012 em 16:58 | #8

    mas realmente o jogo dava raiva, pois as fases não eram salvas, na verdade é um jogo que você ama e odeia ao mesmo tempo

    • Talude
      5, julho, 2012 em 23:29 | #9

      Ué, pq um jogo do Atari teria como salvar?

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