Listas Passagem Secreta: 5 games pouco conhecidos que joguei em 2015
Quem nunca fez uma lista de eventos/coisas/coleções/filmes/games e por aí vai? Listas são sempre passionais, parciais e jamais são consenso, mas mesmo assim continuamos gostando de ler e concordar/criticar a lista alheia. Se é assim, por que o Passagem Secreta não poderia ter uma seção com as passionais, parciais e controversas listas? Esse é o Listas Passagem Secreta! Dessa vez, em clima de ano novo, quero trazer a vocês 5 games pouco conhecidos que joguei em 2015.
Antes de mais nada, é ÓBVIO que alguém além de mim já jogou esses games, mas essa listagem é bem pessoal. Em outras palavras, gente do meu círculo “videogamístico”, que tem acesso aos mesmos videogames ou jogam mais ou menos as mesmas coisas que eu ou desconhecem completamente ou mal ouviram falar desses jogos. Outra é que não tenho videogames de última geração, não sou de jogar o que acabou de ser lançado, então, se essa não é sua vibe, paciência. E, finalmente, sim, eu tenho um PSP!
Assim, nestas condições de clima e temperatura, quem sabe, de repente, você se identifica ou até acaba descobrindo um game obscuro que se enquadre no seu perfil. Aproveite!
Exit / Exit 2 (PSP/NDS)
Esse game e sua sequencia, que achei por acaso, sem a indicação de ninguém, mas que uma ou duas pessoas que conheço já jogaram, estão numa das minhas categorias preferidas, estratégia/puzzle. E sim, eu também passei a odiar a série Resident Evil por ter tirado toda ou quase toda parte cerebral do jogo…
Uma das coisas que me chamou a atenção de cara foi o personagem principal, um escapista conhecido como Mr Esc, que me lembra bastante o personagem Questão, da DC Comics (a mesma editora de Superman e Batman, para quem não sabe). Na sua cidade, coisas estranhas começam a acontecer como incêndios, terremotos, explosões, sempre em locais de movimento, como hospitais, escolas, museus e estações de metrô, onde vítimas ficam presas, às vezes feridas e sob risco de morte. Mr Esc desconfia que esses “acidentes” são provocados por grupos de aventureiros que querem se promover em cima da catástrofe, representados pelo auto proclamado herói Jet. Enquanto salva todas as vítimas, também com o objetivo de não deixar que Jet tome fama, Mr Esc investiga os ambientes a fim de recolher provas contra a quadrilha de aproveitadores.
Seu personagem não tem armas nem poderes especiais, mas pode correr, nadar, saltar, se pendurar e empurrar coisas até certo peso. Pra fazer qualquer coisa além disso, você precisa contar com a ajuda das vítimas que salva pelo mapa. Todas elas tem limitações e atribuições que você deve usar para levar todos em segurança até a saída da fase, dentro de uma faixa de tempo predeterminada. Itens podem ser encontrados pela fase, como extintores de incêndio, picaretas, lanternas e tábuas, além de elementos de cenário como elevadores e plataformas. A diferença entre Exit 1 e 2 são os tipos de itens e os tipos de vítimas, que passa a incluir cães entre elas. São 100 fases no total para cada jogo (as 10 primeiras são um tutorial ensinando como funciona) e, em todas elas, você sempre deve considerar tempo, tipo de vítima, distância percorrida e elementos para conseguir fechar salvando todo mundo.
Bom: Excelente jogo de exploração e puzzle.
Ruim: Algumas fases chegam a ser sacanas de tão complicadas.
Quem poderá gostar: Curte puzzle e quadrinhos de super herói? Então bota aí na sua lista de “jogar em 2016”.
Status: Jogando. E jogando. E jogando. E jogando…
Kung Fu Quest – The Jade Tower (Android/IOS)
Conheci esse por acaso, de novo sem ser indicado. Era só um joguinho em flash, tipo survival, largado numa página qualquer da internet, mas depois de um reinício e outro, vi outros anúncios da versão completa, para tablets e alguns smartphones. Como fã inveterado de beat n’ ups, não consigo parar de jogar.
Jade Tower, mais completa que a versão em Flash, é um side scroller com 37 fases. Tem até uma historinha: O jovem Jackie (hã? hã?), um praticante do Kung Fu, vê um assalto cometido por uns sujeitos misteriosos, segue os caras e acaba sendo sugado junto com eles por um portal para outra dimensão. Ao atravessar, Jackie vaga perdido até encontrar o dojo do sensei Jia Long e a lojinha chinesa de Lien Hua, uma garota engraçadinha de cabelo azul. Jia Long treina Jackie para encarar o desafio da Torre de Jade, pois a única forma de fazer tudo voltar ao normal é derrotar o maligno Chong Lee (pegou? pegou?). Mas é bom agir logo, pois o plano de Chong Lee é projetar seus poderes sobre o nosso mundo e dominar a todos.
Como você deve ter notado, e se não notou é porque não assiste filmes de Kung Fu, o jogo é cheio de referências ao cinema de porrada, dos nomes à caracterização dos personagens, tanto do herói quanto dos inimigos. Para mim, a comparação mais direta é com Death Tower (“No Jogo da Morte”, aqui no Brasil), filme do mestre Bruce Lee, onde o dragão sobe uma torre sentando a porrada em inimigos, como se fossem chefões de fase, cada um com sua habilidade, o filme mais “videogame” que existe.
O jogo permite que, com o ouro e a experiência que ganha nas fases, você possa ir aumentando suas capacidades, comprando itens na lojinha ou golpes adicionais no Dojo. Roupas e os cortes de cabelo não são só skins, mas cada um deles aumenta suas capacidades de alguma forma, sempre referenciando filmes de porrada conhecidos e atores como Jet Li, Van Damme, Jackie Chan, Bruce Lee (como não?), uma roupa “metal hero” que remete a séries japonesas como Jaspion e animes, como Dragon Ball.
As músicas também são ótimas, com 8 temas diferentes, mais o dos chefes de fase. Outra coisa legal é que, de acordo com o tamanho do combo que você conseguir, vai enchendo um orb que fica do lado da sua barra de energia e, quando ele se completa, você entra no Rush Mode, onde, por cerca de 10 segundos, mata inimigos com um só golpe e fica invencível.
Existem duas partes muito chatas nesse game. A primeira fica por conta daquelas coisas que tem em quase todo jogo para Android, aquele lance de cobrar dinheiro real por itens, moedas, orbs e por aí vai, fora que a conectividade com o Google Play parece que sempre dá um jeito de enfiar algum patrocínio no meio, mas isso se resolve gastando a partir de cerca de 4 Dilmas (pelo menos até hoje). A outra parte ruim são os controles que, embora bem distribuída na tela touch, à medida que você vai jogando pioram a resposta, não sei dizer se por causa do atrito com a tela, que a faz esquentar, ou por causa da oleosidade das mãos, mas dá pra deixar muito puto, como quando você salta pra cima de um bando de rufiões e, ao invés de derrubar todo mundo, você subitamente está no meio de um monte de bastardos loucos por vingança prontos para te meterem porrada. Mas mesmo com esses problemas, é uma excelente pedida.
Bom: ótimo game de beat n’ up, cheio de referências a filmes e jogos.
Ruim: Malditos botões em tela touch! Cuidado pra não arremessar seu smartphone/tablet num acesso de fúria.
Quem poderá gostar: Quem sente falta dos beat n’ up clássicos e da Sessão Faixa Preta depois do Fantástico.
Status: Finalizado umas 3 vezes e ainda jogando, pois quero comprar mais itens sem ter que usar meu cartão de crédito.
Loco Roco (PSP)
Taí o jogo que fez comprar um PSP assim que joguei a demo, mas, fora a pessoa que me indicou, ninguém mais a quem perguntei faz ideia de que jogo é esse. Acho muito difícil explicar como é esse game, a descrição na capa do jogo, em livre tradução, diz apenas “Aumente a quantidade de Loco Rocos no mundo e transforme ele em um lugar melhor”. Entendeu?
Nem eu.
Mas há algumas coisas em particular que me chamaram a atenção. A principal delas é a forma de jogar. Você não usa direcionais e mal usa os botões principais, apenas os botões L e R, que fazem a tela tombar pra direita ou pra esquerda, o que, em outras palavras, significa que você não joga com o Loco Roco, um bichinho cantor em forma de bolinha, mas com o mundo ao redor dele. Você começa com 1 Loco Roco e deve achar outros 19 durante a fase, que aparecem quando seu personagem come um tipo de flor que se encontra no decorrer da fase. Aliás, aparecem não, seu Loco Roco aumenta de tamanho e, de vez em quando, você o faz se dividir para achar passagens secretas ou passar por gretas que não dá pra ir com o tamanho de mais de um bichinho.
Existem inimigos, monstros de poluição chamados Moja Tropa, que só podem ser destruídos quando se pula do chão e os acerta, usando L+R. O que você pega nas fases podem abrir fases de bônus ou ser usados na Casa Loco, que também oferece mais itens se você montar as coisas no lugar certo.
Penso, entretanto, que o que ajuda mais a chamar a atenção no game é a música e os efeitos sonoros. O Loco Roco vai cantando enquanto você joga, e as músicas são bacanas e grudentas, que você se pega assobiando enquanto está distraído. A cantoria aumenta de acordo com a quantidade de Loco Rocos na tela e também muda de acordo com a fase. Também tem outras “raças” dos bichinhos, que cantam outras músicas ou as músicas padrão de forma diferente. Tem rock, reggae, ladies, música italiana e mais. Recomendo demais, mas admito que é um game para quem quer uma experiência completamente diferente de jogo.
Bom: game com uma proposta diferente, divertido e engraçado.
Ruim: Depende. Se o que você busca num jogo começa com “gráficos foderosos”, melhor ignorar.
Quem poderá gostar: Quem curte um game de exploração novo e criativo.
Status: Finalizado mas ainda jogando, pois tá bem difícil pegar todos os Loco Rocos.
No More Heroes (Wii)
Pode gritar “ficou maluco, obscuro é o car#lho”, mas meu teste foi bem empírico: Dos 5 amigos que eu conheço que tem um Wiilson, NENHUM sequer tinha ouvido falar desse jogo. Já nos blogs, vejo muita gente que já ouviu falar mas nunca jogou, e os que falam que já jogaram podem ser contados em uma mão. Pode ser que eu não conheça muita gente, mas eu mesmo só fui saber dele num fórum, quando perguntei se havia algum game onde o Wiimote poderia ser usado como espada ninja, katana, light saber ou coisa assim, quase 2 anos depois de comprar o meu. Na real, eu até entendo o motivo. No More Heroes é um jogo muito fora do quadrado pra um console “família” como o Wii, afinal papais e mamães devem ficar transtornados de ver seu lindo filhinho cortando cabeças ou partindo inimigos ao meio, com jorros generosos de sangue preto e onde o save point é um cara sentado na privada. Mesmo com isso, para mim NMH sempre foi o jogo fundamental para os proprietários do console, que mostra o potencial que ele tem.
NMH é o GTA do Wii. Aquele esquema de circular à vontade pela cidade está bem evidente, mesmo não sendo tão amplo quanto o game da Rockstar. A diferença mais evidente é que não se usa armas de fogo. O personagem, Travis Touchdown, usa uma espada imitação de light saber que comprou no e-Bay e que descobriu que funciona de verdade.
Como Travis está quebrado mesmo, resolve começar a pegar missões suicidas e pequenos trabalhos pra juntar grana rápido, até ser encontrado por uma agenciadora de mercenários, a sedutora Silvia Christel, que o convence a entrar num círculo de mercenários que lucram alto eliminando uns aos outros. Travis, no entanto, logo percebe que há algo além de lutas para divertir ricaços, uma conspiração que começa a se mostrar muito maior que um simples torneio.
Já deve ter ficado bem evidente que curto referências a cultura pop e mesmo a outros títulos nos games que jogo, de forma que é impossível eu não gostar de NMH. Tem referências a Kill Bill, De Volta Para o Futuro, Star Wars, arcades dos anos 90, luta livre WWE, Street Fighters, bandas musicais, animes, otakus e até uma versão bizarra de Galaga que Travis joga enquanto está no metrô. A própria figura de Travis, um nerd otaku magrelo de óculos que veste camisetas surradas que encontra até no lixo, deixa óbvio qual público os desenvolvedores queriam atingir.
Por sinal, esse jogo micou nas vendas. Segundo o criador Goichi Suda (conhecido como Suda51), o número de cópias vendidas só garantiu lucro pra Nintendo, exatamente pelo motivo que disse antes: não era a pegada que a Nintendo queria para o Wii. Suda51 esperava que a Big N começasse a investir em jogos menos casuais e que NMH fosse o atrativo para outras franquias, coisa que não aconteceu. Para piorar, não dava pra portar o jogo para outras plataformas sem perder a identidade de jogabilidade que criou, baseada nos recursos do Wiimote. Um final lamentável para aquele que, na opinião deste que vos fala, é o melhor jogo do Wii.
Bom: Jogo maneiro, personagens carismáticos, trama envolvente, referências fodas… precisa de mais o que?
Ruim: Só é ruim se o máximo que você espera do Wii seja Wii Sports.
Quem poderá gostar: Quem não abre mão do Wii mas ainda quer jogar GTA. Se bem que, seu eu tivesse jogado esse game antes de ter um Wii, eu passaria a fazer questão de ter um.
Status: Finalizado com 2 finais diferentes, explorando as fases até o osso.
A Boy and His Blob (NES)
Sim, tem pra Wii, tem pra DS, mas não é desses que eu estou falando. Esse sim é pouco conhecido aqui nas terras da mulher-sapiens, embora lá fora seja bem conhecido e avaliado.
Uma das minhas aquisições esse ano, numa feira nerd aqui em BH, foi um Dynavision para cartuchos NES 60 pinos (ele não tem número, tipo, Dynavision 3). Já que quem vende cartuchos de NES no Mercado Livre costuma pedir como pagamento 100.000 dólares, limusine, iate, mansão e mulheres, me vi obrigado a comprar um cartucho com mais de 100 jogos sem repetir e, entre alguns títulos que procurava, encontrei esse, que não procurava.
Seu personagem é um menino que é seguido por um blob (ou bolha) alienígena que pede ajuda para tentar salvar sua terra natal, o planeta Blobolonia. Para tanto, ele precisa adquirir poderes usando um composto químico que só pode ser encontrado na terra: balinhas doces, do tipo feijãozinho/jelly beans ou jujubas. Cada sabor de bala faz Blobert (esse é o nome do blob) se transformar em alguma coisa que permite ao menino se desviar de inimigos e recolher itens ou mais balas. A premissa é simples, mas é preciso anotar que bala faz o que com o blob, pois me parece que são 14 transformações e algumas balas são bem difíceis de encontrar.
Blobert não age sozinho. Quando está no formato original, fica apenas seguindo o menino, que guia toda a ação, é quem dá as balas e, para fazer Blobert voltar ao normal, assobia para ele. Blobert vira escada, elevador, muro, bolha (fica em volta do menino pra voar ou na água), paraquedas, travesseiro, guarda-chuva, foguete, enfim, o puzzle do jogo fica dentro do próprio game play, o que é genial! Assinando meu atestado de velho, seria Blobert parente de Gloop e Gleep, os dois blobs dos Herculóides?
Inicialmente, não entendi por que motivo um game tão bacana e simpático não chegou a um estrelato digno de Mario Bros., mas após uma análise menos emocional, é compreensível. Não acho que seja pela dificuldade ou pelos gráficos não tão trabalhados, porque em termos de jogo é inovador, divertido, muito desafiador e diferente de outros jogos de plataforma que vemos por aí, mas algumas coisas atrapalham.
O principal talvez seja o fato de não ser um side scroll, onde as telas mudam quando você chega nos cantos, o que já era muito retrô até para o NES. Outra coisa é a falta de identidade. O menino não tem nem nome, o enredo então só lendo na internet mesmo. Mais recentemente foi feita a versão para Wii, em seguida para o DS, que tornou o game antigo um pouco mais conhecido, mas não de forma tão significativa.
Independente disso, é uma achado. A Boy and His Blob, na minha opinião, traz algo que acho que tem feito muita falta nos jogos hoje em dia: criatividade. A massificação do mercado de games tem levado a uma produção meio industrial, reciclando aquilo que vende e criando pouca coisa nova. Pelo menos não é a única mídia de entretenimento que sofre deste mal…
Bom: Puzzle embutido no game play, diferente e ousado.
Ruim: Difícil. É uma pena o menino não fazer muita coisa além de correr e dar balas pro blob.
Quem poderá gostar: Quem gosta de um misto de puzzle e desafio. Obs.: gosta MUITO.
Status: Tentando finalizar no console, sem ajuda de detonados. Acho que ainda vai demorar um pouco…
Finalmente, um feliz 2016 a todos, novos games, novas jogatinas e diversão da melhor qualidade. Ah, sim, e não deixe de acompanhar o Passagem Secreta no blog e no Facebook.
Locoroco sempre quis jogar, mas ainda não tenho um PSP…. E acho que emular ele não deve ser a mesma experiência…. Ele e Patapon tão na minha lista de "preciso" no PSP.(quando eu tiver o meu) E eu conhecia Locoroco porquê tem uma versão java dele, e eu jogava no meu antigo Nokia C3 😛
Em 2015 finalmente joguei (me julguem) Chrono Trigger, e agora estou tentando zerar no meu DS o Ghost Trick, mas tá difícil. Aliás, jogar DS tá difícil, quase ninguém que conheço em BH tem, tem só o 3DS. Curti o EXIT e devo baixá-lo no meu DS, tava precisando de jogos novos(tenho R4). No mais, uma ótima lista de sugestões
Cara, eu tenho um PSP 3000 desbloqueado e vou te falar, que máquina de emulação!
Recomendo fortemente, fora as versões de jogo que muitas vezes não chegaram ao ocidente ou aos consoles domésticos mas que apareceram no portátil.
Dessa lista só conheço o No More Heroes e o LocoRoco, que são uns puta duns jogaços.
Já ouvi falar muito bem do No More Heroes. Pretendo jogar um dia. Já o A Boy and His Blob é um clássico! Altamente recomendado.