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25 anos da Zuntata, a transgressora banda de game music da Taito

Hoje, dia 25 de junho de 2012, é uma data muito importante para a história da Game Music. Há 25 anos atrás, era lançado em LP, K7 e CD o álbum Taito Game Music Vol. 2, contendo a trilha sonora do jogo Darius, arcade de grande sucesso daquela época. Além de ser um lançamento dedicado às músicas de apenas um jogo (a maior parte dos poucos álbuns de Game Music lançados até então continham coletâneas de vários jogos, separados por faixa), o disco trazia novas versões das composições presentes no jogo em questão, com novos arranjos que utilizavam instrumentos mais arrojados em relação ao limitado chip sonoro do arcade. A partir daí, oficializava-se o departamento sonoro da Taito, batizado de Zuntata.

Desde então, os músicos do grupo se especializariam em não somente elaborar a parte sonora dos jogos e outros softwares produzidos pela empresa, como também seria responsável por conceber os seus próprios álbuns (desde a mixagem sonora até o desenho da capa), além de produzir shows e até mesmo material em vídeo, como neste prólogo de Ninja Warriors para o Sega CD, que foi produzido, dirigido, roteirizado e atuado por membros da Zuntata.

O diferencial do grupo em relação à todas as outras como a SST Band, da Sega, e a Kukeiha Club, da Konami, estava em seu foco mais artístico. Grande parte das trilhas sonoras produzidas pela empresa possuía uma abordagem diferente do convencional para a Game Music, trazendo em vários momentos algo mais profundo, na maioria das vezes, sobrepassava em qualidade os próprios jogos para os quais as músicas eram produzidas (o que às vezes, vindo da Taito, não era muito difícil de acontecer). Isso sem falar na tecnologia de som sempre mais avançada em relação às empresas concorrentes, com as placas de arcade abrigando chips e equipamentos que permitiam arranjos cada vez mais elaborados e ricos.

Com as constantes crises da Taito na virada do milênio, o grupo perdeu a sua força, principalmente após a saída de seus integrantes mais importantes, que seguiram com seus projetos pessoais ou abriram seu próprio estúdio. Atualmente, com a Taito sendo uma mera subsidiária da Square Enix e limitando-se a produzir jogos apenas para as plataformas móveis, o grupo está bem reduzido. Ainda assim, eles conseguem surpreender, como nesta apresentação feita no ano passado e lançada posteriormente em DVD, celebrando as trilhas da série Darius ao mesmo tempo em que promovendo o episódio mais recente da saga, chamado Dariusburst Another Chronicle. E a data comemorativa de hoje não passará em branco: O site oficial da Zuntata anunciou hoje o projeto “COZMO”, do qual ninguém sabe do que se trata ainda. Esperamos que uma reunião dos membros antigos seja feita e, quem sabe, um show ao vivo.

Eu prometi a mim mesmo fazer um super post sobre a banda há um tempo atrás, mas as obrigações tomaram conta de tudo, impossibilitando que eu pudesse fazer qualquer coisa. Mas para você que não conhece as músicas mais clássicas da Zuntata, elaborei um singelo Top 5 com as melhores músicas executadas ao vivo pela banda. Se dependesse de mim, faria um Top 50, já que o grupo tem permanecido na minha playlist pessoal há anos. E o legal é que sempre existe algo para descobrir sobre a banda, um trabalho obscuro ali, outro jogo aqui… E a descoberta é tão recompensadora quanto chegar ao final de Rayforce com uma ficha apenas. O que já dá pra ter uma ideia da sensação.

 

5 – Urban Trail, de Night Striker

Composta por: Masahiko “Mar.” Takaki

Responsável pela trilha de Rastan, Masahiko Takaki era sempre solicitado quando uma música deveria ter arranjos pesados ou que ilustrassem o senso de perigo iminente. É o caso da trilha sonora de Night Striker, um shoot’em up semelhante a Space Harrier que teve um sucesso considerável no Japão. As composições feitas para o jogo reverberam em todos os shows da Zuntata, sendo sempre aquele momento mais agitado da apresentação. Na versão do Game Music Festival 90, porém, a música recebeu um arranjo mais voltado para o Jazz, tendo inclusive um trio de sopro acompanhando o arranjo. Em outras versões tocadas pela banda em shows posteriores, a pegada “rock” trouxe de volta a ousadia da versão original, com Masahiko comandando a composição na guitarra.

Música Original

 

4 – Born to Be Free, de Metal Black

Composta por: Yasuhisa “YACK.” Watanabe

Um dos casos em que a originalidade da trilha sonora supera o jogo, Metal Black têm uma das melhores composições para um shoot’em up – assim como uma das mais anti-climáticas. A música Born to be Free, quando ouvida fora do contexto, torna-se bem difícil de associar à primeira fase de um jogo de ação; no entanto, combina perfeitamente com a atmosfera distópica representada no game. Com uma melodia relaxante e ao mesmo tempo heróica, a música se tornou uma constante nos shows da Zuntata, executada sempre sob os aplausos do público. O arranjo mais sereno do show de 1997 pode ter retirado um pouco do senso de urgência da original, mas ainda assim merece ser apreciada.

Música original

 

3 – Free the Love, de Darius II (Sagaia)

Composta por:  Hisayoshi “OGR” Ogura

Escolher apenas uma música da série Darius, dentre tantas outras versões executadas pela banda, é uma tarefa injusta. Infelizmente, é algo que deve ser feito. Essa releitura do tema de encerramento de Darius II é bastante curiosa por ser uma das poucas interpretações ao vivo da banda que contou com vocal – no caso, a convidada Suzanne K. empresta sua voz para a melodia de Ogura. Na introdução da música, está Kazuko “Karu.” Umino, mostrando sua inigualável performance no piano. Uma música quase que litúrgica, celebrando o retorno da paz – ou não, dependendo do final escolhido no jogo.

Música Original

 

2 – Penetration, de Rayforce (Gunlock/Layer Section/Galatic Attack)

Composta por: Tamayo Kawamoto

Se você me conhece bem, sabe a fissura que tenho por essa música (e pela compositora em questão). Um dos temas mais definitivos de abertura de um shoot’em up, Penetration inaugura uma trilha sonora que consegue ser tão bonita ao mesmo tempo que é depressiva, frenética e inovadora: pode ser arriscado o que vou dizer, mas é provável que Rayforce tenha sido o primeiro jogo de navinha cuja trilha sonora tinha um ritmo mais levado à música eletrônica e suas derivações, como techno, dance, new age e por aí vai. A partir de então, essa composição em especial tornou-se presença garantida em qualquer show da Zuntata.

OBS: Atenção para o CGI barato dos anos 90 e para o “Comporsed” no texto de início do vídeo 🙂

Música original

 

1 – Daddy Mulk, de Ninja Warriors

Composta por: Hisayoshi “OGR” Ogura

Se a SST Band tem “After Burner”, a Zuntata tem “Daddy Mulk”. A música que sempre encerra com chave de ouro os shows da banda (ou faça com que a plateia peça bis) representa bem o que significa o termo Zuntata: uma melodia que se repete constantemente em um ritmo fixo. E, definitivamente, não existe melodia mais grudenta que a Daddy Mulk. Se os japoneses, que são um pouco contidos, estão pulando e urrando no vídeo abaixo, imagina aqui no Brasil. Em um evento de anime. Com esse sintetizador estridente. Ia ter gente parindo no palco.

Música original

Ex-colaborador do Passagem Secreta.

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Categories: game music
  1. 28, junho, 2012 em 16:15 | #1

    Muito legal o trabalho dessa banda, realmente eles tem muito diferencial em relação á outras bandas de game music. Quem sabe o Projeto Cozmo não reúne toda a banda para uma turnê mundial? Rsrs… É muito pouco provável, principalmente porque não deve ter tanto público atualmente, mas para os fãs de games ia ser muito interessante.

    • 28, junho, 2012 em 20:59 | #2

      Isso ia ser sensacional, mas deve ficar só em sonho mesmo. Até a cena da Game Music lá no Japão não é mais tão gigantesca quando era na época na qual a banda foi formada, mas seria ótimo que pelo menos eles fizessem um showzinho com os membros originais mesmo!

  2. 11, julho, 2012 em 23:47 | #3

    Quem gosta de games "shooters espaciais" deve gostar do som da Zuntata, como é o meu caso. Um som mais voltado ao Techno, às vezes melódico e introspectivo, diferente do tom mais pop da S.S.T. Band. Gosto da trilha de Darius 2, especialmente. Tomara que tenhamos uma notícia boa em relação à banda, assim como tivemos com a S.S.T. Band.

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